Publicado em 06/12/2024A União Europeia e o Mercosul devem anunciar nesta sexta-feira (6) a conclusão de um acordo comercial que enfrenta forte resistência dentro da Europa, especialmente da França. A expectativa é que o anúncio seja feito pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e pelos líderes do Mercosul, às 9h30 (horário de Brasília), em Montevidéu, Uruguai.
As negociações, que já se estendem há mais de 20 anos, avançam cinco anos após a assinatura de um acordo inicial. Apesar do progresso, a França mantém sua posição contrária, classificando o pacto como “inaceitável”. Fontes diplomáticas apontam que a Comissão Europeia corre risco, pois a aprovação por parte dos membros do bloco europeu ainda não está garantida.
Resistência no continente europeu
Críticas vêm principalmente de agricultores europeus, que temem a entrada de produtos sul-americanos mais baratos, como carne bovina, sem atender aos padrões de segurança alimentar e ambientais da UE. A Itália declarou na quinta-feira (5) que não há condições para firmar o acordo, enquanto a Polônia também demonstrou oposição.
Organizações ambientalistas reforçam as críticas. O grupo Friends of the Earth, por exemplo, considera o pacto um “destruidor do clima”.
Apoio ao acordo e interesses estratégicos
Por outro lado, países como Alemanha e Espanha defendem o tratado, destacando sua importância para diversificar o comércio europeu, em meio à redução de relações com a Rússia e preocupações com a dependência da China. Esses governos veem o Mercosul como um mercado estratégico para exportação de veículos, máquinas e produtos químicos, além de uma fonte confiável de minerais essenciais, como o lítio, necessário para a transição energética da Europa.
O acordo também prevê benefícios para o setor agrícola europeu, com maior acesso e tarifas reduzidas para produtos como queijos, presuntos e vinhos da UE.
Processo de aprovação
Para entrar em vigor, o acordo precisa do aval de pelo menos 15 dos 27 países membros da UE, representando 65% da população do bloco, além da aprovação por maioria simples no Parlamento Europeu.