Publicado em 02/12/2024O mercado brasileiro de boi gordo fechou novembro com altas firmes nos preços da arroba. O analista Fernando Iglesias, da Safras & Mercado, destacou que as exportações impulsionaram essa valorização, com o Brasil alcançando recordes nos embarques de carne bovina ao longo do ano.
“Neste cenário, as indústrias enfrentaram dificuldades para formar escalas de abate, o que as levou a pagar preços cada vez mais altos. As negociações alcançaram níveis históricos em São Paulo e Goiás”, afirmou Iglesias.
Apesar disso, o mercado na B3 registrou queda acentuada na última semana, especialmente na quinta-feira (28). Iglesias atribui o recuo à realização de lucros e à expectativa de maior oferta de gado, o que pressionou os preços. “A queda foi muito abrupta, sem fundamentos sólidos. Acredito em uma correção na próxima semana, com frigoríficos voltando ao mercado em patamares menores”, analisou.
Evolução dos preços da arroba
No fechamento de novembro, os preços da arroba a prazo registraram as seguintes variações nas principais regiões:
São Paulo: R$ 360 (+10,77% frente a outubro)
Goiás: R$ 355 (+12,7%)
Minas Gerais: R$ 320 (+18,52%)
Mato Grosso do Sul: R$ 345 (+7,81%)
Mato Grosso: R$ 330 (+8,06%)
Rondônia: R$ 310 (+3,33%)
Perspectivas para dezembro
Para dezembro, a expectativa é de preços mais estáveis. Iglesias aponta que as escalas de abate, fechadas em média entre cinco e sete dias úteis, e a entrega de animais terminados podem pressionar as indicações de compra. “Esse movimento pode gerar uma nova queda nos preços”, afirmou.
Valorização no mercado atacadista
Os cortes bovinos também registraram forte valorização em novembro. O quarto traseiro subiu 13,25%, de R$ 23,40 para R$ 26,50 o quilo, enquanto o dianteiro avançou 10,81%, de R$ 18,50 para R$ 20,50.
Iglesias destacou a preocupação com a capacidade do consumidor em absorver esses preços elevados. “Carnes de frango e suína podem ganhar espaço, já que ainda apresentam valores mais acessíveis”, disse.
Exportações em alta
As exportações de carne bovina fresca, congelada ou refrigerada movimentaram US$ 875,4 milhões em novembro, com média diária de US$ 62,5 milhões, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O volume exportado foi de 179,9 mil toneladas, a um preço médio de US$ 4.864 por tonelada.
Comparado a novembro de 2023, houve aumento de 44,9% no valor médio diário, 36,8% na quantidade média exportada e 5,9% no preço médio.