Publicado em 04/03/2021Entidades que se dizem representantes dos indígenas do Brasil e da Colômbia entraram com processo contra o varejista Casino em um tribunal francês na quarta-feira, acusando-o de vender de carne bovina ligada à grilagem de terras e desmatamento na Amazônia.
É a primeira vez que uma rede de supermercados francesa é levada à Justiça por estas alegações de acordo com uma lei de 2017 na França que exige que suas empresas evitem os direitos humanos e violações ambientais em suas cadeias de abastecimento.
O Casino, que controla o maior varejista de alimentos do Brasil, o Grupo Pão de Açúcar (GPA) e, por meio dele, também o varejista colombiano Almacenes Exito, disse que luta ativamente contra o desmatamento no Brasil e na Colômbia.
A ação alega que o Casino comprava regularmente carne bovina de três frigoríficos de propriedade de um grande frigorífico brasileiro. Esses frigoríficos supostamente teriam comprado gado de fornecedores acusados de desmatamento entre 2008 e 2020, de acordo com a ação.
“A demanda por carne bovina do Casino e do Pão de Açúcar traz desmatamento, grilagem de terras e violência”, disse em um comunicado Luis Eloy Terena, da COIAB, ONG que coordena grupos indígenas na Amazônia brasileira.
O Casino disse que o GPA aplica uma política rigorosa de controle da origem da carne entregue por seus fornecedores, acrescentando que a carne brasileira não é vendida em suas lojas francesas.
O GPA disse à Reuters que desde 2016 estabelece critérios que seus fornecedores devem cumprir. Eles incluíram “desmatamento zero na Amazônia, sem condições de trabalho análogo ao escravo, sem trabalho infantil e sem invasões de terras indígenas ou áreas de conservação”. Os pecuaristas devem possuir documentos de propriedade da terra, acrescentou.
O Brasil é o segundo maior mercado do Casino depois da França. Com informações da Reuters.