Publicado em 19/03/2020O Banco Central cortou nesta quarta-feira a Selic em 0,5 ponto, à nova mínima histórica de 3,75%, aumentando o ritmo de afrouxamento monetário em resposta aos impactos econômicos com o coronavírus, mas indicando que este deve ser o novo nível dos juros básicos daqui para frente.
No comunicado sobre a decisão, o Comitê de Política Monetária (Copom) ponderou, no entanto, que a leitura sobre suas próximas decisões pode mudar em meio ao novo quadro que se descortina com a disseminação do Covid-19.
"O Copom entende que a atual conjuntura prescreve cautela na condução da política monetária, e neste momento vê como adequada a manutenção da taxa Selic em seu novo patamar. No entanto, o Comitê reconhece que se elevou a variância do seu balanço de riscos e novas informações sobre a conjuntura econômica serão essenciais para definir seus próximos passos", disse.
"O Banco Central do Brasil ressalta que continuará fazendo uso de todo o seu arsenal de medidas de políticas monetária, cambial e de estabilidade financeira no enfrentamento da crise atual", completou.
A próxima reunião do Copom acontece em 5 e 6 de maio.
Após o ímpeto reformista do governo ficar em segundo plano com o mundo sendo engolfado pelo coronavírus, o BC voltou a reforçar a importância das reformas na economia seguirem adiante, frisando que questionamentos sobre sua continuidade e mudanças de caráter permanente no processo de ajuste nas contas públicas têm o potencial de elevar a taxa de juros estrutural da economia.
"Nessa situação, relaxamentos monetários adicionais podem tornar-se contraproducentes se resultarem em aperto nas condições financeiras", afirmou o BC.
A autoridade monetária afirmou que o ambiente para as economias emergentes tornou-se desafiador com a pandemia causada pelo coronavírus, que provocou desaceleração significativa do crescimento global, queda no preço das commodities e elevação da volatilidade nos mercados.
O coronavírus, inclusive, passou a figurar no balanço de riscos do BC, ao lado da ociosidade da economia, como um fator baixista para a inflação caso o surto da doença se agrave e "provoque aumento da incerteza e redução da demanda com maior magnitude ou duração do que o estimado".
Por outro lado, o aumento da potência da política monetária, a deterioração do cenário externo ou frustrações em relação à continuidade das reformas são apontados como riscos para gerar uma trajetória da inflação acima do projetado para 2020 e 2021. Com informações da Reuters.