Publicado em 12/09/2019Depois da surpresa positiva com o desempenho do varejo em julho, agora foi a vez de o setor de serviços também surpreender os analistas. O volume de serviços prestados subiu 0,8% em julho na comparação com junho, segundo dados divulgados nesta quinta-feira, 12, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A expectativa do mercado era de um crescimento de 0,15%. O resultado de julho é o melhor para o mês desde 2011.
Em julho, o varejo, por sua vez, cresceu 1% - enquanto o mercado esperava alta de apenas 0,1%. A indústria teve queda de 0,3% no mês. No caso dos serviços, a taxa acumulada no ano é de 0,8%. Em 12 meses, houve elevação de 0,9%.
Para analistas, ainda é cedo para dizer se esse crescimento acima do esperado no comércio e nos serviços indica alguma tendência de recuperação mais consolidada da economia. Mas, segundo a economista-chefe da Rosenberg Associados, Thaís Zara, no caso específico dos serviços, está evidente que o setor passa por um processo de recuperação econômica.
"No acumulado dos últimos 12 meses, é um setor que tem crescimento de 0,9%", diz. "Os serviços de tecnologia da informação têm alta de 12% nos últimos 12 meses. Então, há um avanço."
Para Daniel Silva, economista da Novus Capital, o bom desempenho dos serviços e do varejo em julho não estava no radar e dá um alívio para a perspectiva da atividade econômica no terceiro trimestre. Mesmo assim, o resultado não sugere euforia.
"Os dados de julho afastam de forma mais definitiva a possibilidade de PIB zero ou negativo no terceiro trimestre, mas ainda é cedo para rever para cima projeção de 0,2% (no trimestre). Para ter PIB acima disso e mais próximo de 0,5% teríamos de ver não só uma melhora do consumo, mas uma ajuda da indústria, que deve continuar fraca em agosto", diz.
O economista reforça que ainda é preciso ver se esses dados melhores de varejo e serviços vão se manter nos próximos meses. "É importante que continuem mostrando esse cenário para que tenhamos a consolidação e confiança maior acerca da retomada", diz, acrescentando que a sua expectativa para PIB deste ano segue em 0,80%.
Ainda longe do melhor desempenho
A alta de 0,8% em julho amenizou a distância a percorrer para que o volume de serviços prestados no País volte ao patamar mais alto já registrado pelo IBGE, mas o setor ainda está 11,8% abaixo do ponto mais alto da série histórica, registrado em novembro de 2014. "Continua errático o comportamento do setor de serviços", resumiu Rodrigo Lobo, gerente da Pesquisa Mensal de Serviços no IBGE.
O setor ficou positivo em apenas três dos sete meses de 2019 e está 1,2% abaixo do patamar de dezembro de 2018. Com informações do portal Estadão.