Publicado em 21/03/2019O ex-presidente Michel Temer (MDB) foi preso preventivamente (sem prazo) na manhã de hoje em São Paulo pela força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio. O mandado de prisão foi expedido pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio. Temer foi preso sob suspeita de ter recebido propina de R$ 1,1 milhão por meio de um contrato da Eletronuclear, estatal responsável pela construção da usina Angra 3.
Além de Temer, também foram presos o ex-ministro Moreira Franco e o ex-coronel da Polícia Militar João Baptista Lima Filho, amigo do ex-presidente e conhecido como coronel Lima. Ao todo, Bretas determinou a prisão de dez pessoas. Todos os presos devem ser transferidos para o Rio, por determinação do juiz.
Ao pedir as prisões, a força-tarefa da Lava Jato o Rio disse que elas são necessárias porque fatos apontam a para a "existência de uma organização criminosa em plena operação, envolvida em atos concretos de clara gravidade".
"Michel Temer é o líder da organização criminosa a que me referi e o principal responsável pelos atos de corrupção aqui descritos !" Juiz Marcelo Bretas, em despacho que ordenou a prisão do ex-presidente
Em conversa por telefone com o jornalista Kennedy Alencar, da rádio CBN, durante seu trajeto em direção ao aeroporto de Guarulhos, Temer classificou de "barbaridade" a sua prisão.
Brian Alves, um dos advogados do ex-presidente, disse desconhecer o motivo da prisão e que a defesa entrará com um pedido de habeas corpus nas próximas horas.
Segundo os investigadores do MPF, um contrato foi assinado com a AF Consult, consórcio integrado pela Argeplan, empresa do coronel Lima, com o objetivo de repassar dinheiro de propina ao ex-presidente. O dinheiro foi repassado em 2014, de acordo com as investigações.
A PF também cumpriu 26 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e no Distrito Federal. Entre os alvos de mandados de busca e apreensão está a casa de Maristela Temer, uma das filhas do ex-presidente.
Em seu despacho, Bretas escreveu que "é importante que se tenha em mente que" Temer, "professor renomado de Direito e parlamentar muito honrado com várias eleições para a Câmara Federal", era vice-presidente na época do pagamento da propina.
Os alvos de mandados de prisão são:
Preventivas (sem prazo)
Michel Temer
João Baptista Lima Filho (coronel Lima) - amigo de Temer
Othon Luiz Pinheiro Da Silva - ex-presidente da Eletronuclear
Wellington Moreira Franco - ex-ministro de Minas e Energia no governo Temer
Maria Rita Fratezi - mulher do Coronel Lima
Carlos Alberto Costa - sócio do coronel Lima na Argeplan
Carlos Alberto Costa Filho - é sócio do Coronel Lima na Argeplan
Vanderlei De Natale
Ana Cristina Da Silva Toniolo
Carlos Alberto Montenegro Gallo
Temporárias (cinco dias)
Rodrigo Castro Alves Neves
Carlos Jorge Zimmermann
Segundo ex-presidente preso
Temer perdeu o foro privilegiado após deixar a Presidência. Ele é o segundo ex-presidente da República preso desde a redemocratização do país. Desde abril do ano, o petista Luiz Inácio Lula da Silva cumpre prisão em Curitiba.
Temer era alvo de cinco investigações que tramitavam no STF (Supremo Tribunal Federal) e foram enviadas à Justiça de primeira instância. Além disso, o ministro Luís Roberto Barroso também havia determinado a abertura de outras cinco investigações na primeira instância, derivadas de suspeitas apuradas no chamado Inquérito dos Portos, que investigou o pagamento de propina a Temer por empresas que atuavam no setor.
MDB fala em "açodamento"
Após a prisão de Temer, o MDB, partido que foi presidido durante anos pelo ex-presidente, emitiu nota em que chama a postura da Justiça de "açodada".
Também do MDB, dois ex-ministros do MDB são alvo da operação: Moreira Franco, preso na manhã de hoje, e o ex-ministro Eliseu Padilha, que é alvo de mandados de busca. "O MDB lamenta a postura açodada da Justiça à revelia do andamento de um inquérito em que foi demonstrado que não há irregularidade por parte do ex-presidente da República, Michel Temer e do ex-ministro Moreira Franco", comunicou o partido. Com informações do UOL.