Publicado em 19/10/2017Na manhã desta quinta-feira (19), mais de 4 mil trabalhadores da JBS realizam um protesto em frente à Assembléia Legislativa de MS. Segundo Wilson Gregório, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carnes e Derivados de Campo Grande o objetivo do manifesto é “pressionar os deputados estaduais a encontrarem uma solução diante do anúncio de suspensão das atividades nos oito frigoríficos da JBS em Mato Grosso do Sul”.
Os trabalhadores deixaram desde cedo as duas unidades localizadas na capital e seguiram em ônibus fretado para a Assembléia Legislativa. Pela Avenida Afonso Pena, o comboio de manifestantes travou o trânsito.
Sobre a manifestação, a JBS informou que “Os colaboradores continuarão recebendo seus salários normalmente até que a Companhia tenha uma definição sobre o tema. A JBS esclarece que está empenhando seus melhores esforços para a manutenção da normalidade das suas operações e trabalha para proteger seus 15 mil colaboradores diretos e 60 mil indiretos em Mato Grosso do Sul.”
Gregório salienta que é importante manter a pressão sobre os deputados para uma solução em relação à suspensão dos abates e a ação que bloqueia os bens da empresa.
De acordo com dados do sindicato, na quarta-feira (18) foram abatidas as últimas cabeças de gado nas unidades de Campo Grande, e todos temem a perda dos empregos. E neste mesmo dia o mercado de comercialização de bois travou em MS, após a JBS, dos irmãos Batista, ter anunciado a paralisação de sete frigoríficos no Estado. A decisão foi tomada depois de bloqueio de recursos, que somam R$ 730 milhões, dos quais R$ 620 milhões da JBS, e o restante da holding J&F. O bloqueio foi feito pela Justiça do Estado.
Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi aberta em julho para apurar irregularidades, após as delações dos irmãos Joesley e Wesley Batista. O presidente da CPI, o deputado Paulo Corrêa, disse que a Assembleia Legislativa do Estado está disposta a discutir o desbloqueio dos recursos desde que a JBS apresente garantias reais.
Com o segundo maior rebanho do País, o Estado abate 7 mil cabeças de gado por dia. “O mercado travou e pode piorar na próxima semana”, disse Francisco Maia, presidente da Federação Nacional da Pecuária. Segundo ele, a decisão de bloquear os bens é irresponsável e pode comprometer a pecuária. O grupo já se comprometeu com o acordo de leniência (de R$ 10,3 bilhões) com o Ministério Público Federal. Parte da propina do grupo foi paga a parlamentares do Estado.
Trabalhadores e sindicatos prometem para hoje novos protestos contra a CPI. As ações da JBS caíram 1,45%, a R$ 8,15. Em nota, a JBS informou que, em função da insegurança jurídica instalada no Estado, suas sete unidades estão com as atividades de compra e abate paralisadas por tempo indeterminado.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul, Mauricio Saito, solicitou ao governo a redução de 12% para 7% da alíquota do ICMS para comercialização de gado vivo a outros Estados. Com informações do jornal A Crítica.