Publicado em 29/03/2017O comissário europeu para Saúde e Sanidade Alimentar, Vytenis Andriukaitis, disse ontem, que as suspeitas de corrupção no sistema brasileiro de fiscalização fitossanitária são "inaceitáveis", ainda mais quando coloca em risco a saúde da população aqui ou na Europa. A afirmação foi feita após reunião com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, em Brasília.
O europeu avaliou que a discussão foi "longa, aberta e franca" e uma oportunidade para receber mais informações de nível prático e técnico, além dos próximos passos que serão tomados pelo ministério após a crise desencadeada pela Operação Carne Fraca, da Polícia Federal. Ele acrescentou que haverá uma nova reunião na quinta-feira, 30, para discutir os detalhes em mais profundidade.
Andriukaitis disse ter explicado a Maggi a posição dos Estados-membros da União Europeia, do Parlamento Europeu e de outras autoridades. "Brasil e União Europeia são parceiros fortes", afirmou. Por isso, acrescentou, é importante o comprometimento do ministro no sentido de demonstrar que o sistema sanitário brasileiro é confiável. "Um controle independente dará a mensagem aos parceiros brasileiros que o sistema é capaz de oferecer confiança e previsibilidade", comentou.
Ele disse esperar que as autoridades brasileiras implementem ações corretas para restaurar a credibilidade o mais rápido possível. "Está nas mãos deles", afirmou. Andriukaitis acrescentou que reportará a Bruxelas e ao Parlamento Europeu, se necessário, as informações recebidas. Na conversa, eles trataram também de outros temas, como a influenza aviária, a resistência antimicrobiana e o comércio entre Brasil e União Europeia.
Questionado se o Brasil está em um bom caminho para recuperar a confiança, ele disse que pretende continuar nessa direção. "Vamos fazer o melhor dos dois lados." Ele afirmou que ainda é difícil determinar se o problema no controle sanitário brasileiro é pontual ou sistêmico. Mas que, até o momento, está satisfeito com as medidas adotadas pelo governo brasileiro e pelo diálogo aberto e transparente.
Em balanço da força-tarefa realizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), nos últimos dez dias, após a deflagração da Operação Carne Fraca, o ministro Blairo Maggi afastou, por ora, que problemas apontados pela Polícia Federal na investigação de frigoríficos impliquem risco ao consumo humano. Irregularidades encontradas em 12 laudos concluídos revelam, sim, fraudes econômicas, como quantidade de água acima do permitido no frango e, amido, também fora do padrão, em salsicha. “Das amostras analisadas, não há nenhuma anormalidade que possa fazer mal à saúde humana”, garantiu o ministro.
Conforme o ministro, todas as oportunidades serão aproveitadas. “A União Europeia, que acolheu a sugestão do Brasil de suspender apenas a entrada de carne de frigoríficos que estão sendo auditados pelo Ministério, quer mais detalhes sobre a Operação e esses esclarecimentos devem ser prestados, detalhadamente, na quinta-feira (30), quando técnicos do Mapa e do bloco europeu se reunirão novamente. Os problemas com a narrativa da Operação alcançaram também os consumidores no exterior, da mesma forma que aconteceu aqui. Eles pensam que há papelão e produtos cancerígenos na carne”, relatou Maggi. Com informações do Diário de Cuiabá.